Para onde vai a ecologia?
A palavra ecologia foi criada em 1866 pelo biólogo alemão ERNEST
HACCKEL e significa: estudo do inter-retrorelacionamento de todos os sistemas
vivos e não vivos entre si e com o ambiente, entendido como uma casa, sendo que
a palavra ecologia deriva do grego (oikos= casa, e logia= estudo). De um
sub-capítulo da biologia, ecologia passou a ser um discurso universal.
A ecologia assume quatro formas de realização que são elas: ecologia
ambiental, ecologia social, ecologia mental e ecologia integral.
ECOLOGIA AMBIENTAL: preocupa-se com o meio ambiente, para que ele não
sofra excessiva desfiguração, visando à qualidade de vida, à preservação das
espécies em extinção e à permanente renovação do equilíbrio dinâmico,
construído ao longo de milhões e milhões de anos de evolução; vê a natureza
fora do ser humano e da sociedade. Ela busca corrigir excessos de ambição do
projeto industrialista mundial, que implica sempre em custos ecológicos altos.
Se não cuidarmos do planeta como um todo, podemos submetê-lo a graves
riscos de destruição de partes da biosfera e inviabilizar a própria vida no
planeta. E pra que isso ocorra basta que continuemos utilizando armas
nucleares, químicas e biológicas dos arsenais existentes e se continue
irresponsavelmente poluindo as águas, envenenando os solos, contaminando a
atmosfera e também agravando as injustiças sociais entre o norte e o sul, a
ponto de provocar uma guerra.
ECOLOGIA SOCIAL: não trata somente do meio ambiente, ela insere o ser
humano e a sociedade dentro da natureza como partes diferenciadas dela. Preocupa-se
não somente com o embelezamento das cidades, melhores avenidas, praias mais
atrativas, mas prioriza também o saneamento básico, uma boa rede escolar e um
serviço de saúde decente. A injustiça social significa violência contra o ser
mais complexo e singular da criação, o ser humano, que é parcela da natureza.
Com essa compreensão, a injustiça social luta por um desenvolvimento
sustentável, aquele que atende às carências básicas do ser humano de hoje sem
sacrificar o capital natural da Terra (o meio ambiente), levando em
consideração a necessidade das gerações futuras, sendo que elas têm o direito
de herdar uma terra habitável. Porém a sede de ganância capitalista e o tipo de
sociedade construída nos últimos 400 anos, além de impedir o desenvolvimento
social, acaba destruindo a natureza e o próprio homem. Para que haja o bem
estar social, é necessário o bem estar sócio-cósmico, ou seja, entre o ser
humano e o mundo.
ECOLOGIA MENTAL: é também chamada de ecologia profunda. Esta sustenta
que as causas do déficit da Terra não se encontram apenas no tipo de sociedade
que atualmente temos, mas também no tipo de mentalidade que vigora, cujas
raízes remontam a épocas anteriores à nossa história moderna, incluindo a
profundidade da vida psíquica humana consciente e inconsciente, pessoal e
arquétipa.
Há em nós instintos de violência, vontade de dominação que nos afastam
da benevolência em relação à vida e à natureza. Aí dentro da mente humana se
iniciam os mecanismos que nos levam a uma guerra contra a terra.
Esses mecanismos se expressam através do antropocentrismo, o qual
considera o ser humano um rei/rainha do universo, considera que os demais seres
só tem sentido quando ordenados ao ser humano.
A crise ecológica, para ser superada, exige outro perfil de cidadãos,
com outra mentalidade, mais sensível, mais cooperativa.
ECOLOGIA INTEGRAL: parte de uma nova visão da terra inaugurada pelos
astronautas a partir dos anos de 1960, quando lançaram os primeiros foguetes
tripulados. Eles vêem a terra de fora da terra. Daquela distância da nave
desaparecem as diferenças sociais, todos são igualmente humanos. Daquela
perspectiva o ser humano torna-se a própria terra enquanto sente, pensa, ama...
Por isso devemos nos sentir sempre no processo de antropogênese, de
constituição e de nascimento, assim como a terra.
Em suma, a ecologia integral procura acostumar o ser humano com essa
visão global e também desperta a consciência de sua função nessa totalidade.
Somos co-responsáveis pelo destino de nosso planeta, de nossa
biosfera, de nosso equilíbrio social e planetário.
BIBLIOGRAFIA
BOFF, Leonardo. Ética
da vida. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.